Um manuscrito da Biblioteca Nacional da Irlanda escrito por Roger Casement durante seu tempo como cônsul britânico em Belém do Pará, na foz do Amazonas, em algum momento entre 1907 e 1908, apresenta um argumento de que as origens do nome Brasil derivam do mítico Hy-Brassil. Essa ilha imaginária, localizada a oeste da Irlanda, é descrita de várias maneiras como uma “terra prometida”, a ilha dos abençoados - Tír na nÓg - a terra do sol poente e mencionada nas viagens de São Brandão. Ao defender essa raiz, Casement estava em consonância com os estudos históricos irlandeses da época. Ele acreditava que Hy-Brassil era um nome derivado das lendas da costa atlântica, com origens céltico-ibéricas remontando a “Atlantis e à terra mãe submersa dos primeiros irlandeses, ibéricos e possivelmente fenícios”.
A influência das viagens de São Brandão em Cristóvão Colombo
Colombo era conhecido por sua busca por rotas alternativas para chegar às Índias, e foi fortemente influenciado pelas histórias de São Brandão, mas não só ele, pois os relatos de viagens do “Navigatio Sancti Brendani” eram populares durante a Idade Média e o Renascimento, tendo forte influência na mentalidade dos exploradores da época, fornecendo ideias e estímulos para suas próprias expedições marítimas.
Os relatos das viagens de São Brandão e suas descrições de terras distantes despertaram interesse e curiosidade entre todos os navegantes da época. A evidência histórica de que Cristóvão Colombo leu e estudou os textos de São Brandão, incluindo o “Navigatio Sancti Brendani”, pode ser encontrada em uma carta escrita por seu filho, Fernando Colombo. Nela, ele relata uma conversa entre Colombo e um certo monge no Mosteiro de Santa Maria de La Rábida, Espanha, onde Colombo teria discutido suas ideias sobre uma rota alternativa para chegar às Índias. De acordo com a carta, o monge teria sugerido a Colombo que lesse o “Navigatio Sancti Brendani” como uma fonte de inspiração para suas explorações. Embora essa carta de Fernando Colombo tenha sido escrita em 1537, décadas após as viagens de Colombo, ela oferece um vislumbre das influências e discussões que cercavam o famoso explorador e as histórias de viagens medievais durante esse período de descobrimento. A carta escrita por Fernando Colombo, filho de Cristóvão Colombo, é conhecida como “História do Almirante Don Cristóbal Colón” ou “Vida del Almirante Don Cristóbal Colón”.
Veja mais em “História do Almirante Don Cristóbal Colón”: Historia del almirante Don Cristóbal Colón. Primer volumen | Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes
De São Brandão até Pedro Álvares Cabral
Aprendemos que o Brasil foi descoberto por Pedro Álvares de Cabral em 22 de abril de 1500, mas a primeira vez que o nome Brasil aparece em uma carta náutica é em 1325.
O nome Brasil já existia nos mapas de navegação pelo menos mil anos antes. Como exposto acima sobre São Brandão e suas navegações. Da Irlanda, o monge influenciou o mundo e seu “sonho” só seria descoberto muitos séculos depois. O desejo de encontrar a ilha Hy-Brassil levou expedições e ao desenvolvimento da humanidade: construiriam casas, vilas, cidades, países novos, ampliando horizontes e mudando para sempre todo rumo do conhecimento humano.
Essa lenda influenciou as navegações e as grandes descobertas mas também batizou o nosso país na língua gaulesa falada por são Brandão na época. Brasil significava: terra abençoada e não tem nada a ver com brasa ou vermelho. Somos isso: Terra abençoada, predestinada a ser terra de bençãos.
“Eu estava com meu exército nas terras de Alentejo, no Campo de Ourique, para dar batalha a Ismael e outros reis mouros que tinham consigo infinitos milhares de homens.
Armado com espada e rodela saí fora dos reais, e subitamente vi à parte direita contra o nascente um raio resplandecente e indo-se pouco a pouco clarificando, cada hora se fazia maior, e pondo de propósito os olhos para aquela parte vi de repente no próprio raio o sinal da Cruz, mais resplandecente que o sol, e Jesus Cristo crucificado nela.
Vendo pois esta visão, pondo à parte o escudo e espada, lancei-me de bruços, e desfeito em lágrimas comecei a rogar pela consolação de meus vassalos, e disse sem nenhum temor: a que fim me apareceis, Senhor? Quereis, por ventura, acrescentar fé em quem tem tanta? Melhor é por certo que Vos vejam os inimigos e creiam em Vós, que eu, que desde a fonte do batismo Vos conheci por Deus verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno, e assim Vos conheço agora.
O Senhor, com um tom de voz, suave, que minhas orelhas indignas ouviram, me disse: 'Não te apareci deste modo para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios de teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos de minha Cruz.
Acharás tua gente alegre e esforçada para a peleja, e te pedirá que entres na batalha com título de rei. Não ponhas dúvida, mas tudo quanto te pedirem lhe concede facilmente. Eu sou o fundador e destruidor dos reinos e impérios, e quero em ti e teus descendentes fundar para mim um império, por cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas. E comporás o escudo de tuas armas do preço com que Eu remi o gênero humano, e daquele por que fui comprado dos judeus, e ser-me-á reino santificado, puro na Fé e amado por minha piedade".
Eu tanto que ouvi estas coisas, prostrado em terra, O adorei, dizendo: Por que méritos, Senhor, me mostrais tão grande misericórdia? Ponde pois vossos benignos olhos nos sucessores que me prometeis, e guardai salva a gente portuguesa. E se acontecer que tenhais contra ela algum castigo aparelhado, executai-o antes em mim e meus descendentes, e livrai este povo que amo como a único filho.
Consentindo nisto, o Senhor disse: 'Não se apartará deles nem de ti nunca minha misericórdia, porque por sua via tenho aparelhadas grandes searas e a eles escolhidos por meus segadores em terras muito remotas'.
"Ditas estas palavras desapareceu, e eu cheio de confiança e suavidade me tornei para o real".
Dia aquele em que a Cruz, projetada no firmamento, fez nascer um povo abençoado, forte e piedoso, por cujo meio Nosso Senhor veria seu “Nome publicado entre as nações mais estranhas”, sempre que os portugueses plantassem essa mesma cruz “em terras remotas”.
Por isso pôde um dia Vieira proclamar: “Deus deu a Portugal um berço para nascer e o mundo inteiro para morrer”.
Seguindo essa trilha de heroísmo, em 1385 o rei Dom João I expulsava os mouros das terras portuguesas e subia ao trono.
Desde então suas vistas se voltaram para mais longe e os portugueses deram início à epopéia que os levaria a “dilatar a Fé e o Império” por todo o orbe. Durante mais de um século e meio, os atos de abnegação e dedicação pela Fé se multiplicaram.
Em todos estes feitos estava sempre presente Nossa Senhora, a quem D. Afonso Henriques consagrara este povo nascido sob o signo da Cruz.
Era Ela que acompanhava Vasco da Gama à Índia, ou que na linda imagem da Senhora da Esperança, viajava na armada de Cabral ao Brasil.
Entre os portugueses não havia quem não sentisse uma força sobrenatural, na convicção de que Deus combatia ao seu lado, por ser ele um soldado da Cruz. E sob este signo venciam, apesar de todas as incoerências e abusos que mancham qualquer empresa humana.
Após este longo itinerário de pensamentos e de evocações históricas, chegamos aos tempos atuais, e constatamos que há todo um trabalho de restauração a ser cumprido, mas que a Providência o deseja e o abençoará. Não tem outro sentido o fato de que a Mãe de Deus tenha querido falar em Fátima ao mundo inteiro. Sua Mensagem se dirige a todos os homens, mas de modo imediato ao povo português e aos que lhe são mais próximos pelo sangue e pela história. Pois Ela, no ano de 1500, estendeu seus braços imensos a uma vastíssima região que denominou Terra de Vera Cruz, depois Santa Cruz e, mais tarde, Brasil.
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