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domingo, 16 de junho de 2013

Dilma é vaiada!!! Porque será???

Dilma (no centro) discursa na abertura da Copa das Confederações ao lado de Joseph Blatter

A presidente Dilma Rousseff foi muito vaiada momentos antes do início da abertura da Copa das Confederações. Anunciada pelo alto-falante do estádio, ela fez caras de poucos amigos e limitou-se a dizer uma única frase no microfone, enquanto Joseph Blatter, presidente da Fifa, deu uma bronca na torcida pelo comportamento.
"Por favor, onde está o fair play de vocês", disse o cartola, que também foi vaiado pelo público. Dilma, por sua vez, foi sucinta e ignorou os protestos. "Declaro oficialmente aberta a Copa das Confederações 2013", disse ela, atropelando as vaias.
O momento embaraçoso repete uma outra história polêmica do país em grandes competições. Em 2007, na cerimônia que abriu o Pan do Rio de Janeiro, Lula estava no Maracanã e foi vaiado em todas as vezes que apareceu no estádio ou foi citado. Até por isso, ele quebrou o protocolo e não fez o pronunciamento tradicional de abertura.
A vaia só aumenta o clima tenso que cerca a abertura da Copa das Confederações. Durante todo o sábado, centenas de manifestantes protestaram nas cercanias do estádio contra os gastos com a competição. 
Dilma e Blatter estão no camarote do Mané Garrincha. Perto deles está o desafeto de Dilma, José Maria Marin, presidente da CBF, mantido afastado pela presidente por conta de seu passado ligado à ditadura.
Neste sábado, no entanto, ela não pôde fugir de Marin. Ricardo Stuckert, fotógrafo oficial da CBF e que já trabalhou com Lula, conseguiu tirar uma foto em que Dilma aparece junto com o cartola, feito significativo para quem precisa comprovar força política de olho na eleição da CBF no ano que vem.

Opinião

As vaias de ontem, recebidas por uma presidente Dilma com o semblante carregado, talvez sirvam para que sua equipe reflita um pouco mais sobre o que está ocorrendo no país e pare de simplesmente acusar a oposição de criar uma "situação irreal" da economia brasileira.
Vaiada três vezes na abertura da Copa das Confederações --o fato acabou não sendo incluído pela Globo em vídeo à imprensa--, Dilma encerrou uma semana na qual não escondeu sua irritação com as críticas de que o Brasil passa por um momento ruim, com inflação alta, dólar pressionado e crescimento fraco.
Em público e reservadamente, ela e sua equipe acusavam seus opositores de "vendedores do caos" e de "velhos do Restelo", personagem do poeta português Luís de Camões que simboliza o pessimismo.

Na visão do governo, o país é outro. A inflação vai cair, o desemprego continuará baixo e o crescimento será maior neste ano. O tom de irritação chegou a tal ponto que não há espaço para autocrítica, só para ataques ao "terrorismo informativo".
As vaias de ontem, porém, só reforçam os sinais de insatisfação em alguns setores do país emitidos e captados ao longo de toda a semana, mas que o governo se recusava a admitir ou procurava diminuir sua importância.
O Datafolha mostrou no domingo, por exemplo, queda de oito pontos na popularidade presidencial. Recuo generalizado diante do pessimismo do brasileiro em relação ao futuro da economia.

Manifestação em Sâo Paulo

Durante a semana, manifestações em São Paulo e no Rio tornaram-se cenário de depredação e de confronto entre policiais e manifestantes, revelando um sentimento difuso nas principais cidades do país, propício para novos protestos.
Ontem, antes mesmo das vaias, o clima ruim já reinava fora do estádio. Jovens e militantes de grupos como sem teto, indígenas e defesa dos direitos das mulheres entravam em confronto com a polícia do Distrito Federal.
É fato que o país não está uma tragédia. Se a inflação não sair do controle e continuar recuando, Dilma seguirá favorita na eleição presidencial do ano que vem.
Mas o clima no país já indica que a campanha de 2014 não será um passeio como imaginavam os petistas. E que parte dos eleitores estão, sim, insatisfeitos com os rumos do governo Dilma.
Sem falar que o cenário mundial pode jogar contra, pressionar ainda mais o dólar, gerar inflação e azedar o humor de mais brasileiros.

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