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sexta-feira, 1 de março de 2013

Facebook o 'mundo ideal' Especialistas explicam porque usuários só colocam o lado bom

Para especialistas, usuários de redes sociais só mostram 

partes boas de suas vidas e são narcisistas

“Queria morar no Facebook. Todo mundo aqui é do bem, ama os animais, odeia os falsos, é amigo, odeia corrupção, é revolucionário, é fiel, prefere namorar ao sair, só tem momentos felizes e gosta das pessoas pelo caráter e inteligência, não pela beleza e valores materiais. Não entendo porque o mundo ainda é uma m..... com tanta gente boa assim”. Essa frase ficou pendurada, no último mês, no mural de vários usuários da maior rede social do mundo — quase 1 bilhão de adeptos pelo mundo — e gerou uma discussão sobre a forma como essa ferramenta tem sido utilizada.
Especialistas explicam que esse “mundo virtual perfeito” nasce de comportamentos humanos que já existem, entretanto, são amplificados com o advento da internet e das redes sociais. Uma das características mais fortes presentes no Facebook, é o narcisismo.
A psicoterapeuta Adriana Chaves Borges, que diz que adicionar pessoas desconhecidas faz parte de roteiro para se tornar popular: ‘falso eu’
Segundo a psicoterapeuta Adriana Chaves Borges, no senso comum, o narcisista é aquele que se ama muito, mas na realidade o conceito é o contrário. “É o que tem baixa autoestima, fica muito carente de atenção e quer que o outro lhe confira qualidades que ele mesmo não vê nele”, diz. Um dos exemplos, é a aceitação de convites de amizade de pessoas desconhecidas. “Serve para mostrar que é bem aceito, que é popular. Isso faz parte da composição do personagem. Ele constrói, de forma inconsciente, um falso eu.”
Segundo Gustavo Ramos, diretor da Brand New Day, empresa de consultoria de comunicação sediada em Campinas, a maioria dos usuários publica mensagens que não são polêmicas e que terão grande aceitação. “Ninguém é a favor de nada que seja ruim. Por isso as pessoas sempre colocam coisas boas. Elas querem formar uma imagem social e digital de alguém super bem sucedido em todos os campos”, diz.
Mas, por que a maioria não publica nada que possa manchar essa imagem? De acordo com Ramos, existe o medo de ser visto, nesses casos, como alguém “fracassado” . “O receio de postar algo que não seja 100% aceito gera o medo de ser percebido como um frustrado. A maioria deixa a parte 'catastrófica' para si ou para amigos mais próximos”, afirma.
Do ponto de vista de Adriana, pode-se dizer que o perfil virtual é um marketing de si mesmo, comparado ao que fazem os políticos em campanha. “Mas elas não têm noção de que tipo de marketing estão fazendo. Às vezes é uma antipropaganda. Uma publicação sobre algo que muitos amigos curtem aumenta de uma maneira falsa o ego da pessoa. Elas ficam felizes com isso”, conta. De acordo com ela, os grandes problemas do ser humano são solidão, insegurança, medo diante da vida e das dificuldades e de não ser aceito e amado. “Por isso, as pessoas se tornam falsas moralistas e ativistas sociais. Na busca de reconhecimento. É uma forma de contrapor a própria baixa auto-estima que é o cerne do narcisismo”, diz.
Pesquisas mostram que são três os principais grupos: os falantes, os voyers e os chatos. “No primeiro, as pessoas postam e compartilham muita coisa. No segundo, são pessoas que só observam e consomem informação, no máximo ‘curtem’ alguma coisa. No último, são pessoas que não produzem nada de conteúdo, mas opinam em tudo e geram até polêmica em alguns casos”, explica.
O professor do Instituto de Computação (IC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Rodolfo Jardim de Azevedo lembra que o Facebook é apenas uma ferramenta. “Não há uma forma correta de usar. Não é como um carro, onde existem as leis de trânsito. Ela pode ser usada para coisas boas ou para coisas ruins. A intenção é a mesma, mas on-line, o alcance é muito maior e mais rápido”, explica.

Uso no trabalho requer cuidados, diz especialista Os internautas devem ficar atentos ao uso do Facebook na área profissional. Qualquer deslize pode significar uma demissão ou a perda daquele tão sonhado emprego. Colocar mensagens para se passar por intelectual, ambientalista, ativista para tentar se destacar pode não dar certo por destoar do restante do perfil.
Segundo Adriana Chaves Borges, o Facebook é território fértil para psicólogos e analistas de recursos humanos (RH) descobrirem o perfil de candidatos. “A primeira coisa que as empresas fazem é olhar nas redes sociais, porque lá essa pessoa se mostra e te dá muitas dicas a respeito da personalidade. Por um lado é perigoso, porque ela se expõe demais. Aquelas que não têm conta também dizem algo sobre si mesmas”, explica.
Ela alerta sobre as postagens que falem sobre o trabalho. “Coisas simples como uma imagem onde se diz, 'Eu odeio segunda-feira', pode dizer muito sobre a pessoa. Problemas podem ser gerados com mensagens que falem do ambiente de trabalho.”
Segundo Ramos, o ideal é que as pessoas postem coisas em que elas realmente acreditem. “Não existem duas realidades. Ele tem que tentar ser ele mesmo. Coisas ruins acontecem, assim como as boas. Defender um ponto de vista dá maior credibilidade e torna o perfil mais crível”, afirma. Se algo não condiz com o caráter da pessoa, isso pode gerar prejuízos. “Quem recruta empregados é especialista nessa área. E se algo não bate, mostra que tem problemas. Aquilo que era para ser bom, se volta contra ele porque é artificial.”

Ao contrário da Europa, brasileiro busca se divertir 
Tanto Rodolfo Azevedo como Gustavo Ramos falam da diferença dos perfis dos usuários do Brasil e daqueles que vivem nos EUA ou Europa. “Uma característica comum do brasileiro é a disseminação de correntes, coisas que se voltam mais para o entretenimento. Nos outros casos, se vê mais compartilhamento de links e notícias importantes, é algo mais voltado para produtividade”, explica Gustavo Ramos. Ele conta que a tentativa de se mostrar antenado e chamar acesso para o próprio perfil pode ser um sinal de exibicionismo na rede. A adaptação dessas ferramentas, explica Azevedo, ocorre de acordo com a necessidade de uso. 'O Facebook é apenas um lugar. Ninguém precisa dele para viver. A questão da privacidade e filtros foram coisas que mudaram com o tempo. O mundo é perfeito lá? Pode ser que hajam muitas coisas boas que deveríamos valorizar mais, por exemplo' , afirma o professor da Unicamp.
Voltado justamente para essa questão da enorme quantidade de informação veiculada no Facebook, um grupo de estudantes da Unicamp ganhou o primeiro lugar de uma competição promovida pela empresa de Mark Zuckerberg, no mês passado, em São Paulo. 'Há muita coisa que não quero ler sobre determinado assunto, mas me interesso por outras que aquela mesma pessoa fala. Então fizemos um filtro de SPAM, como há no e-mail' , explicou Miguel Gaiowski, aluno do IC, que junto com os colegas Carlos Eduardo de Andrade, Gabriel Cavalcante e Thiago Valverde, ganharam o prêmio.Para Gaiowski, que é usuário da rede social desde 2006, a tendência é que as pessoas passem a entender o Facebook como uma ferramenta muito mais poderosa do que imaginam. 'Ou seja, além desse uso como entretenimento, mas profissional, para fazer contatos, divulgar marcas e produtos de forma mais eficiente' , explica. 


SAIBA MAIS
Os países com mais usários (EM MILHÕES) 
1. Estados Unidos 155,6
2. Brasil 52,9
3. Índia 51
4. Indonésia 44
5. México 36,2
6. Turquia 30,8
7. Reino Unido 30,4
8. Filipinas 28,5
9. França 24,2
10. Alemanha 23,8
11. Itália 21,7
12. Argentina 19,2 
Os países com menos usuários (EM UNIDADES) 200. San Marino 8.080
201. Vanuatu 8.000
202. Turcomenistão 6.940
203. Ilhas Marshall 6.780
204. Anquilla 6.200
205. Palau 6.200
206. S. Tomé e Príncipe 5.380
207. Kiribati 3.020
208. Ilhas Aland 2.680
209. Ilhas Falkland 1.980
210. Tuvalu 1.780
211. Nauru 380
212. Samoa Americana 360
213 - Cidade do Vaticano 20 

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