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quarta-feira, 4 de julho de 2012


Em carta, Maurício Rands sai do PT e abandona vida política






Em carta divulgada nesta quarta-feira (4), o deputado federal Maurício Rands anuncia sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT), entrega ao partido seu cargo de parlamentar na Câmara Federal e também abandona a Secretaria de Governo do Estado de Pernambuco. Rands ainda criticou a Direção Nacional do PT e declarou apoio a candidato do PSB, Geraldo Júlio.

"Depois da decisão da Direção Nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e a do atual prefeito, recolhi-me à reflexão."

"No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. (...) Porém, setores dominantes da Direção Nacional do PT já tinham outro roteiro que não o do debate democrático com a militância do PT no Recife e sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um candidato à Frente Popular e ao povo do Recife."

Maurício Rands é advogado e mestre em Direito pela UFPE. Milita no PT há 32 anos, está no seu terceiro mandato como deputado federal, tendo sido líder do PT na Câmara Federal durante parte da gestão Lula. Estava como secretário de Governo na gestão de Eduardo Campos (PSB) à frente do estado de Pernambuco.

Este ano Rands liderou o grupo de oposição à recandidatura de João da Costa à Prefeitura do Recife. Após acalourado debate e troca de ataques mútua com o atual prefeito, Rands retirou, a pedido da Direção Nacional, seu nome da disputa e abriu espaço para a candidatura do senador Humberto Costa. Na carta Rands revela insatisfação com a candidatura "imposta" pela Direção.


Em carta divulgada nesta quarta-feira (4), o deputado federal Maurício Rands anuncia sua desfiliação do Partido dos Trabalhadores (PT), entrega ao partido seu cargo de parlamentar na Câmara Federal e também abandona a Secretaria de Governo do Estado de Pernambuco. Rands ainda criticou a Direção Nacional do PT e declarou apoio a candidato do PSB, Geraldo Júlio.

"Depois da decisão da Direção Nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e a do atual prefeito, recolhi-me à reflexão."

"No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. (...) Porém, setores dominantes da Direção Nacional do PT já tinham outro roteiro que não o do debate democrático com a militância do PT no Recife e sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um candidato à Frente Popular e ao povo do Recife."

Maurício Rands é advogado e mestre em Direito pela UFPE. Milita no PT há 32 anos, está no seu terceiro mandato como deputado federal, tendo sido líder do PT na Câmara Federal durante parte da gestão Lula. Estava como secretário de Governo na gestão de Eduardo Campos (PSB) à frente do estado de Pernambuco.

Este ano Rands liderou o grupo de oposição à recandidatura de João da Costa à Prefeitura do Recife. Após acalourado debate e troca de ataques mútua com o atual prefeito, Rands retirou, a pedido da Direção Nacional, seu nome da disputa e abriu espaço para a candidatura do senador Humberto Costa. Na carta Rands revela insatisfação com a candidatura "imposta" pela Direção.

Carta ao Povo de Pernambuco  Venho aqui me comunicar diretamente com meus eleitores, companheiros, amigos e com o povo de Pernambuco, em especial com os militantes do Partido dos Trabalhadores  - PT, que  compartilharam  comigo  tantas  lutas  pela  democracia  e  pela  construção  de  uma sociedade melhor.  Nas prévias  internas de definição do candidato do PT e da Frente Popular, durante dois meses, participei de  intenso debate  sobre o Recife  e  a  vida partidária.  Interagi  com  os militantes, na compreensão conjunta de que a melhoria da condição de vida na cidade é um processo de  construção coletiva no qual o partido  tem grande  responsabilidade em servir  de  exemplo  na  demonstração  de  práticas  democráticas.  Testemunhei  todo  o engajamento desprendido e consciente de milhares de pessoas nesse nobre debate. Destes militantes, levarei para sempre as melhores memórias e a eles sou profundamente grato.  Depois da decisão da direção nacional do PT, impondo autoritariamente a retirada à minha candidatura e à do atual prefeito,  recolhi-me à  reflexão. Ponderei  sobre o processo das prévias  e  sobre  o momento  político mais  geral.  Concluí  que  esgotei  por  inteiro minha motivação e a razão para continuar lutando por uma renovação no PT. Percebi terem sido infrutíferas  e  sem  perspectivas minhas  tentativas  de  afirmar  a  compreensão  de  que  o 'como fazer' é tão importante quanto os resultados.   As  diferenças  de métodos  e  práticas,  aliás,  já  vinham  sendo  por mim  amadurecidas  e acumuladas há algum tempo. Todavia, este processo recente fez com que as divergências ficassem mais  claras e  insuperáveis. Na  luta pela  renovação do partido, no Recife e em outros  lugares,  infelizmente,  têm  prevalecido  posições  da  direção  nacional,  adotadas autoritária e burocraticamente, distantes da realidade dos militantes na base partidária.   No debate das prévias, minha candidatura buscou construir uma  legítima renovação por dentro do PT e da Frente Popular. Mas lutamos, também, para renovar os procedimentos com o objetivo de reforçar as práticas democráticas. Porém, setores dominantes da direção nacional do PT já tinham outro roteiro que não o debate democrático com a militância do PT no Recife e a sua deliberação. Ou seja, cometeram o grave equívoco de ter a pretensão de impor, a partir de São Paulo, um candidato à Frente Popular e ao povo do Recife.   Por não  terem dialogado  com a militância do PT no Recife, muito menos  com a Frente Popular,  ignoraram  que  existiam  alternativas,  procedimentais  e  de  quadros,  dentro  do partido, que unificariam a  frente em torno de uma candidatura do PT. Com a decisão da da direção  nacional  do  PT,  lamentavelmente,  esta  unidade  resultou  rompida.    Diante  da minha discordância com essa ruptura provocada pela direção nacional do partido, concluí que cheguei ao fim de um ciclo na minha vida de militante partidário.   É nesse quadro que  comunico  aqui  três decisões  tomadas por mim. Primeiro,  a minha desfiliação do PT. Segundo, a devolução do mandato de Deputado Federal ao partido. E, por  último,  meu  afastamento  definitivo  do  cargo  de  Secretário  do  Governo de Eduardo Campos.
Existiram diversas razões que me levaram a este caminho. A mais crucial dá-se no nível da minha consciência. Sempre agi, na vida e na política, com o maior rigor entre o que penso e o que faço.  Sempre cumpri os deveres da minha consciência.  Defendi nos debates partidários a renovação do modo petista de governar e a implantação de um novo modelo de gestão no Recife. Modelo capaz de aprofundar nossa concepção de democracia participativa e especialmente de trazer para a cidade métodos e ações que o Governo Eduardo Campos vem praticando de maneira exemplar e  com  reconhecimento inclusive internacional, mas que a administração do Recife não conseguiu implantar.   Minha experiência como Secretário do Governador Eduardo Campos foi fundamental para entender  a  importância  da  política  do  fazer,  com  formas  competentes  e  inovadoras  de gerir os recursos públicos, atrair investimentos privados e promover a inclusão social.  Ainda nos debates das prévias, defendi a renovação das práticas e dos quadros partidários, bem como a melhoria da articulação política do governo municipal com o parlamento, os partidos da base e a  sociedade  civil organizada. Nesses 32 anos de militância, dediquei grande  parte  de minha  vida  a  fortalecer  o  campo  democrático-popular,  lutando  para aumentar a participação e consciência política do nosso povo.   Amadureci as decisões que acabo de tomar com base em  fatos altamente relevantes que impactaram minha  consciência de  cidadão. Entre  estes,  a opção da quase  totalidade da Frente  Popular  pela  indicação  de  Geraldo  Júlio  como  candidato  a  Prefeito  do  Recife. Trabalhei diretamente com Geraldo Júlio e sou testemunha de como ele foi central para o sucesso  do  Governo  Eduardo  Campos.  Acredito  que  Geraldo  Júlio  é  o  quadro  mais preparado  para  atualizar  e  aperfeiçoar  a  gestão municipal  do  Recife.  Implantando  na cidade  o  que  o  Governador  Eduardo  Campos  está  fazendo  em  Pernambuco,  ele  vai melhorar concretamente a vida do povo do Recife.    Estou consciente de que o nosso povo vai entender o significado da escolha de um novo quadro para transformar as práticas político-administrativas na cidade. Geraldo  Júlio vai representar a renovação dentro de uma frente política que - espero - seja mantida, mesmo com o lançamento de duas candidaturas no seu campo.   Como esta posição tem graves implicações para minha vida partidária, decidi que devo sair do PT e, com dignidade, devolver meu mandato ao partido. E como gesto concreto de que não se  trata de um  jogo menor, de barganha por espaços de poder, decidi  também sair definitivamente do Governo Eduardo Campos. Esse é o custo, sem dúvida elevado, de ser fiel à minha consciência cidadã. Saio da vida pública e da política partidária para exercer ainda mais plenamente a cidadania. 

                              Recife, 03 de julho de 2012     
                                     Maurício Rands  

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