História da vaquejada 1º parte
Surubim 75º vaquejada
Na época dos coronéis, quando
não havia cercas no sertão nordestino, os animais eram marcados e soltos na
mata. Depois de alguns meses, os coronéis reuniam os peões (vaqueiros) para juntar o gado marcado. Eram as pegas de gado,
que originalmente aconteciam no Rio Grande do Norte. Montados em seus cavalos,
vestidos com gibões de couro, estes bravos vaqueiros se embrenhavam na mata
cerrada em busca dos bois, fazendo malabarismos para escaparem dos arranhões de
espinhos e pontas de galhos secos. Alguns animais se reproduziam no mato. Os
filhotes eram selvagens por nunca terem mantido contato com seres humanos, e
eram esses animais os mais difíceis de serem capturados. Mesmo assim, os bravos
vaqueiros perseguiam, laçavam e traziam os bois aos pés do coronel. Nessa luta,
alguns desses homens se destacavam por sua valentia e habilidade, e foi daí que
surgiu a ideia da realização de disputas.
O Rio Grande do Norte é
apontado como o estado que deu o primeiro passo para a prática da vaquejada. A
cidade de Currais Novos é o berço das
vaquejadas, onde a tradição é mantida até os dias atuais. Em Currais Novos
todos os finais de semana tem Vaquejada e é muito comum pátios nas fazendas e
até mesmo na zona urbana.
O historiador Câmara Cascudo dizia que por volta de 1810 ainda
não existia a vaquejada, mas já se tinha conhecimento de uma atividade
parecida. Era a derrubada de vara de ferrão, praticada em Portugal e na
Espanha, onde o peão utilizava uma vara para pegar o boi. Mas derrubar o boi
pelo rabo, a vaquejada tradicional, é puramente nordestina. Na região Seridó do Rio Grande do Norte, mais precisamente no
município de CURRAIS NOVOS onde tudo começou, era impossível o uso da vara,
pois o campo era muito acidentado e a mata muito fechada, e por essa razão tudo
indica que foi o vaqueiro seridoense o primeiro a derrubar boi pelo rabo.
Somente em 1874 apareceu
o primeiro registro de informação sobre vaquejada. O escritor José de Alencar escreveu a respeito da "puxada de
rabo de boi" no Ceará, mas não como sendo algo novo, ele deixou
claro que a prática já ocorria anteriormente. E se existia no Ceará, era
indiscutível que pudesse existir em estados vizinhos como, Rio Grande do Norte, Paraíba e Piauí, já que eram regiões tão semelhantes nos hábitos,
atividade econômica e social, e ambiente físico. Foi isso que levantou a
suspeita dos pesquisadores. Eles descobriram pela tradição falada que muito
antes de 1870 já se praticava vaquejada no Seridó Potiguar. Uma
indicação para isso era a existência dos currais de apartação de bois, que
deram origem ao nome da cidade de CURRAIS NOVOS, também no Rio Grande do Norte.
Esses currais foram feitos em 1760. E era entre 1760 e 1790 que acontecia em Currais Novos a apartação e feira de gado. Foram dessas
apartações que surgiram as vaquejadas. O pátio de apartação de São Bento, no
município de Currais Novos foi construído em 1830.
No Nordeste, desde a
colonização, o gado sempre foi criado solto. A coragem e a habilidade dos
vaqueiros eram indispensáveis para que se mantivesse o gado junto. O vaqueiro
veio tangendo os bois, abrindo estradas e desbravando regiões. Foram eles os
grandes desbravadores do sertão nordestino, e muito especialmente do sertão do
Seridó, região cheia de contos e lendas de bois e de vaqueiros.
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