Os festejos juninos devem ser menores que os do ano
passado em pelo menos 15 cidades do Agreste e Zona da Mata do estado. Diante de
um cenário de crise econômica, as prefeituras cortarão despesas que seriam
destinadas para as celebrações, transferindo-as para necessidades básicas do
cotidiano dos municípios, como saúde, educação e convivência com a crise
hídrica. O prefeito de São Joaquim do Monte, João Tenório (PSDB), porta-voz da
iniciativa do Consócio dos Municípios do Agreste e Mata Sul de Pernambuco (Comagsul),
estima que as cidades investirão este ano um valor entre 50% e 60% menor que o
utilizado em 2014, levando em conta repasses do governo do estado, verbas
oriundas de emendas parlamentares e dinheiro do próprio orçamento municipal. A
verba economizada já tem um alvo prioritário: a estiagem.
“O Agreste como um todo tem sofrido com a falta de água.
Na cidade ainda dá para conviver, mas na zona rural a situação é crítica”,
relata. Ele afirma que os repasses do governo estadual destinado ao São João normalmente
saem entre o fim de maio e o início de junho e correspondem a cerca de 30% dos
recursos gastos pelos municípios com as festividades. “Dessa forma, muito quem
faz é o município, com recurso próprio, então resolvemos nos antecipar porque
sabemos das dificuldades que o governo está passando”, aponta.
Em Bezerros, os sete dias de festa do ano passado darão
lugar a três. De acordo com o prefeito Branquinho (PSB), as despesas dos cofres
municipais com o São João passarão de R$ 120 mil para R$ 50 mil. “O valor
economizado vai ser utilizado na folha salarial. Tem que dar prioridade, não
tem outro jeito”, avalia. A necessidade de priorizar outras ações em detrimento
do São João é ratificada pelo prefeito de Bonito, Ruy Barbosa (PSB), que aponta
a diminuição nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) como
uma das razões principais da falta de verbas para a festa junina. “Estamos
vivendo um momento muito complicado, com as verbas como o FPM, que vem para os
municípios, sem perspectiva de melhora”, explica.
A crise também gera redução no investimento em grandes
polos juninos como Gravatá. De acordo com o secretário de Turismo do município,
José Pereira, assim como os membros do Comagsul, a cidade também precisa
enxugar as despesas. Ele estima que este ano o investimento com as festas não
deve ultrapassar R$ 1 milhão, somados os patrocínios, valor menor que o R$ 1,5
milhão de 2014. Entre as mudanças aplicadas em 2015 está a diminuição no número
de artistas nacionais, com cachês mais elevados. “Será um São João mais
doméstico, com destaque para a cultura popular, para as quadrilhas e para as
tradições”, enfatizou.
Caruaru se vira com patrocinadores
A Capital do Forró, diferentemente de outros municípios,
aumentou os investimentos nos festejos juninos - vai passar de R$ 11 milhões,
em 2014, para R$ 12 milhões. O reforço financeiro de 9% em Caruaru ocorrerá
pelo aumento das verbas da iniciativa privada, através dos patrocínios. Isso
compensará, de acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, a provável
diminuição do repasse, em torno de 20% a 30%, do governo estadual.
O corte global do estado com o São João deve seguir o
mesmo percentual cortado de Caruaru, com a tendência de que apenas outras
cidades polo, como Gravatá e Arcoverde, tenham repasses liberados. A reportagem
do Diario entrou em contato com a Empetur, porém, de acordo com a assessoria,
ainda não há nada concreto com relação aos cortes. Os valores deverão ser
divulgados oficialmente nesta semana.
“A gente tem polos importantes no estado que pretendemos
fazê-lo, mas adaptado a nossa realidade financeira. Vamos apoiar o São João em
polos tradicionais, como Caruaru e Arcoverde, mas dentro das nossas condições
financeiras. Mesmo assim, iremos fazer um São João bonito”, comentou o governador
do estado, Paulo Câmara (PSB).
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