Produção da espécie arbórea se mostra boa opção para abastecimento das padarias e indústrias gesseiras na Chapada do Araripe
Apesar de ainda não ser considerada uma solução definitiva, o plantio de eucaliptos pode ser uma alternativa para diminuir a pressão sobre a Caatinga para a retirada de lenha que abastece os fornos das indústrias gesseiras na Chapada do Araripe. O rápido crescimento, a uniformidade da lenha e o rendimento energético dessa espécie exótica podem reduzir em 2,6 vezes a demanda por madeira da vegetação nativa. Segundo Marcos Antonio Drumond, pesquisador da Embrapa Semiárido, na região da Chapada do Araripe, onde atualmente são desenvolvidos trabalhos com florestas energéticas utilizando híbridos de eucalipto, os resultados até então apresentados têm sido bastante promissores e capazes de produzir lenha de qualidade já a partir do segundo ano do plantio.
— Porém, têm demonstrando que a partir do quarto ano é capaz de produzir mais de 100 m3/ha-1. Com essa produtividade e diante de um consumo médio anual de cerca de dois milhões de metros estéreos de lenha (lenha empilhada), é capaz de reduzir em pelo menos 2,6 vezes a demanda dessa lenha consumida na região, em sua maioria proveniente da vegetação de Caatinga. Traduzindo isso em área desmatada diariamente seria o mesmo que deixar de cortar 21 hectares de vegetação nativa para cortar apenas 8,1 hectares de floresta energética de eucalipto, para atender a mesma demanda. Assim, seriam deixadas de ser cortados indiscriminadamente 13 ha/dia-1 de Caatinga, reduzindo assim a pressão sobre a Caatinga no extrativismo madeireiro — explica o pesquisador.
Ele afirma que, em princípio, o cultivo de florestas energéticas com eucalipto, quando bem sucedido, traduz em impactos positivos, pois é uma atividade sustentável geradora de emprego e renda e de um produto renovável capaz de substituir a madeira de espécies nativas utilizadas como fonte energética, aumentando o rendimento dos fornos por se tratar de um material homogêneo em suas características gerais.
— O possível impacto negativo ocorreria quando este reflorestamento for mal conduzido, tornando-se improdutivo, pela falta de planejamento das operações silviculturais a começar pela escolha das áreas, a correta seleção das espécies e procedências, aliadas aos híbridos e a devida manutenção dos povoamentos — conta Drumond.
De acordo com ele, cerca de 100 mil hectares na região têm potencial para esta exploração como florestas energéticas por já se encontrarem em estágio avançado de desmatamento.
— A implantação de florestas energéticas na Chapada do Araripe pode contribuir com a economia da região por garantir a crescente demanda energética com menor dano ambiental, garantindo a preservação das áreas com vegetação nativa ainda existente — completa.
— A implantação de florestas energéticas na Chapada do Araripe pode contribuir com a economia da região por garantir a crescente demanda energética com menor dano ambiental, garantindo a preservação das áreas com vegetação nativa ainda existente — completa.
O eucalipto apresenta ainda uma vantagem produtiva em relação às demais espécies: seu rápido crescimento, de maior capacidade de conversão de carbono em biomassa. Em curto prazo, ele pode atender grandes demandas energéticas. Por essa razão, o pesquisador fala sobre uma questão importante: a necessidade de incentivo por parte do governo para que os produtores optem pelo plantio em áreas degradadas da Caatinga.
— Seria muito interessante a criação de um programa incentivado, onde fosse possível inserir o pequeno produtor na produção dessa energia de forma sustentável, tratando a floresta plantada como outra cultura qualquer capaz de gerar emprego e renda no campo, como se fosse um fazendeiro florestal — diz.
Como a demanda de energia proveniente do recurso florestal é crescente e o estoque de madeira nativa é menor a cada dia, Drumond fala sobre o grande risco de colapso energético dessas fontes.
— Deslumbra-se o comprometimento da economia regional, impondo a busca de novas fontes energéticas alternativas para o processo de calcinação da gipsita na região. Outra possibilidade seria o transporte do minério para processamento em outras regiões, acarretando impactos negativos sobre a manutenção dos empregos diretos e indiretos da população que vive desta cadeia produtiva. Ou seja, sérias conseqüências sociais e empobrecimento do maior pólo gesseiro nacional — conta ele.
Ainda segundo o entrevistado, além de suprir a maior demanda que é a indústria do gesso, o plantio de eucalipto poderá atender ainda outros seguimentos industriais como o ceramista, panificação, casas de farinha, assim como outros demandantes a exemplo do consumo domiciliar, restaurantes regionais e pizzarias, que também são responsáveis por uma considerável parcela da economia regional.
Para mais informações, basta entrar em contato com a Embrapa Semiárido através do número (87) 3866-3600.
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