Joel Schumacher, EUA, 1985
Para começar, o título escolhido pelos distribuidores brasileiros. Há dezenas, centenas de títulos imbecis que os distribuidores brasileiros inventam – assim como os portugueses, os franceses, os americanos. Já fiz um post com uma gigantesca tabela de títulos imbecis, esquisitos, loucos, absurdos. Pelo sujeito que bolou este título, O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, tiro o chapéu e me curvo em reverência, como um educado japa.
Para um filme que fala do rito de passagem, da dolorosa, muitas vezes dolorosíssima passagem da inocência, da bobagem da adolescência para o início da idade adulta; das farras sem fim para o tempo da responsabilidade, da obrigação da escolha de um emprego, uma profissão, a vida para levar; a troca, como dizia Paulo Vanzolini, do retrato pelo relógio na cabeceira, não poderia haver título mais brilhante do que O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas.
Sete jovens rindo para a câmara, no momento de começar o resto de suas vidas
O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, começa com uma tomada de sete jovens que acabaram de se formar na universidade. Um grupo de sete grandes amigos, todos aí entre os 22 e os 25 anos, aquela época em que nossos sonhos são mais fortes, mais poderosos – a véspera do momento em que temos que, de verdade, decidir o que fazer na vida.
É uma bela tomada – sete jovens saindo da escola, logo após a formatura, alguns com uma beca na cabeça, todos sorrindo larga, abertamente, caminhando em direção à câmara.
Todos bebendo no bar chamado St. Elmo’s – uma das origens do título original do filme. |
Um pouquinho sobre nossos personagens
Então vamos aos sete personagens, os sete garotos e garotas.
Temos Kirbo (Emilio Estevez). Quer ser advogado, mas por enquanto trabalha como garçom no bar que a turma freqüenta, o St. Elmo’s. É perdida, loucamente apaixonado, obcecado, por uma mulher mais velha, que não tem nada a ver com a turma, uma médica, Dale (Andie MacDowell).
Billy (Rob Lowe) é o doidão da turma, o mais bonito, o mais cabeludo, músico, tocador de saxofone, o único que usa – em 1985 ainda não era propriamente moda – brinco grande em uma orelha. Billy é o cara que provoca o acidente do início da narrativa, dirigindo o carro caríssimo de Wendy.
Wendy (Mare Winningham) é a filha de um sujeito muito rico, interpretado pelo veterano Martin Balsam. Wendy é perdidamente apaixonada por Billy. Como é filha de um sujeito riquíssimo, tem culpas atávicas, e trabalha em programas sociais, tentando ajudar os pobres, os despossuídos. É também virgem, embora estejamos em 1985, alguns muitos anos após a revolução sexual.
Jules (Demi Moore) também é filha de um homem rico – só que o pai dela é dado a casar de novo, e então há sempre o perigo de não sobrar muito dinheiro para ela na herança. De toda a turma, é a que tem o emprego mais estável, num banco, onde paquera o patrão, na esperança de subir na vida – aquela história antiga de que o saco do patrão, ou, no caso, o membro que fica entre as duas bolas do saco do patrão, é a escada da vida. É consumista, aparenta muita riqueza. Assim como Wendy é a mais careta do grupo, Jules é a mais avançadinha: gosta de dar, cheira cocaína.
Alex (Judd Nelson) é o que mais rapidamente se enquadra no estilo de vida adulto. Quando a ação começa, trabalha como assessor de um senador democrata – mas, por um salário melhor, deixa de lado os ideiais, se é que algum dia os teve, e passa a assessorar um republicano.
Alex vive com Leslie (Ally Sheedy). Quer porque quer casar, mas ela ainda não está decidida. Enquanto ela não se decide, Alex aproveita para traçar toda pessoa de saia que passa por seu caminho.
Kevin (Andrew McCarthy) trabalha como jornalista, no início de carreira. Pretende ser um escritor. Não namora ninguém, algumas pessoas chegam a pensar que é gay. É absolutamente apaixonado por Leslie, a mulher do amigo Alex.
Quem resiste a um filme sobre um grupo de amigos que desenha uma época?
O diretor Joel Schumacher, que se deixe claro, não é sujeito de comédia de costumes, comédia romântica, comédia dramática sobre rito de passagem. A mão do cara é pesada. Joel Schumacher fez competentes filmes de ação, thrillers. Mão pesada, coitado, não fica muito à vontade com essa coisa de falar de seres humanos normais, ou no mínimo mais ou menos normais.
Mas quem resiste a um filme sobre um grupo de amigos? Quem resiste a um filme sobre um grupo de amigos que, de alguma forma, desenha uma época, uma geração? Recomendo aos mais jovens ver este filme despretensioso mai genuinamente atraente na sua forma de ser, muitos podem dizer porra este filme é dos anos 80 o que será que um filme daquela época pode nós cativar?
Um filme emocionante da relação e amizade que mostra o companheirismo e tambem as mudanças que todos temos que atravessar na vida e que alguns de alguma forma tem que seguir adiante em sua vida mesmo longe de grandes amigos.
Treiler Original do Filme:
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